A cúpula da OTAN que ocorre em Haia este ano tem como foco principal o debate sobre o aumento dos gastos militares, com a presença marcante do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que antes de retornar à Casa Branca, estipulou uma meta de investimento de 5% em Defesa para cada Estado membro dentro de uma década. Este número representa um incremento substancial em relação ao objetivo anterior de 2%, estabelecido há dez anos, e reflete uma crescente preocupação com a segurança europeia frente às ameaças externas, principalmente devido à tensão com a Rússia. A decisão de Trump tem como pano de fundo a invasão russa na Ucrânia, o que acarretou uma atmosfera de urgência que permeia o evento e promete redefinir as prioridades de segurança no continente.
A pressão norte-americana para o aumento dos gastos em Defesa é vista como uma resposta direta à necessidade de um continente europeu mais autônomo e robusto militarmente. Conforme dados da Aliança, os membros europeus e o Canadá já elevaram seus gastos militares em 19% até 2024, mas ainda assim, os Estados Unidos continuam sendo o maior contribuinte individual, respondendo por 62% dos gastos totais da OTAN, que somaram US$ 1,3 trilhão naquele ano. Segundo Mark Leonard, diretor do think tank ECFR, ‘a identidade geopolítica da Europa mudou radicalmente’, e a nova meta de investimento reflete uma mudança paradigmática na percepção de segurança e defesa europeia, ampliando o consenso sobre a importância de investir mais substancialmente na capacidade militar.
Olhando para o futuro, a implementação da meta de 5% até 2035 poderá transformar significativamente o panorama de segurança internacional, incentivando não apenas um aumento nos gastos, mas também fomentando a inovação tecnológica e a cooperação militar dentro do bloco. Esta nova fase da política de defesa europeia pode levar a uma redefinição das relações de poder globais e a uma nova ordem mundial onde a Europa assume um papel mais assertivo e independente. À medida que os países membros da OTAN ajustam seus orçamentos e estratégias, o mundo observa atentamente as implicações dessa virada histórica, que poderá alterar os equilíbrios de força e influenciar as decisões geopolíticas nas próximas décadas.