O neurocientista Ardem Patapoutian, ganhador do Prêmio Nobel em 2021, personifica os desafios enfrentados pela ciência americana sob o governo Trump. Após fugir da guerra no Líbano em 1986, ele construiu uma carreira de sucesso nos EUA com apoio federal, mas viu sua bolsa de pesquisa ser congelada devido a cortes orçamentários. Apesar de recusar uma oferta generosa da China para transferir seu laboratório, muitos jovens cientistas estão considerando oportunidades no exterior.
Dados mostram um declínio acentuado nas candidaturas de estrangeiros para programas de pós-graduação nos EUA, enquanto aumenta o interesse de americanos em vagas no exterior. Países como França e Portugal registram demanda recorde de pesquisadores afetados pelos cortes. Líderes acadêmicos alertam que o modelo que consolidou os EUA como potência científica está em risco, com a China se beneficiando da situação.
O sistema americano de pesquisa, construído desde os anos 1950 com investimentos federais, enfrenta múltiplas ameaças: cortes orçamentários, restrições a vistos, incertezas políticas e críticas à burocracia científica. Universidades temem perder até 30% de sua força de trabalho qualificada, enquanto medidas como a possível proibição de publicações em revistas científicas de prestígio geram mais preocupação. Especialistas afirmam que a atual política científica pode isolar os EUA academicamente e transferir a liderança global para outros países.