No Ceará, uma alarmante estatística revela que seis em cada dez mortes em acidentes de trânsito envolvem motociclistas, posicionando o estado como o segundo no Brasil em número absoluto de óbitos dessa natureza, atrás apenas do Piauí. De acordo com dados do Atlas da Segurança, enquanto o total de mortes no trânsito caiu de 2.362 para 1.394 entre 2013 e 2023, as mortes de motociclistas aumentaram de 757 para 830. Esse fenômeno ocorre em meio a um aumento significativo no número de motocicletas circulando, que chega a cerca de 380 mil em Fortaleza, fato que levanta questões sobre a segurança viária e a necessidade de intervenções urgentes para mitigar esses riscos.
A dinâmica do trânsito para motociclistas em Fortaleza tem mudado, especialmente após os impactos da pandemia de Covid-19, que alteraram a rotina de mobilidade urbana e o padrão de trabalho de muitos condutores, incluindo entregadores e motoristas de aplicativos. Flávio Cunto, professor e especialista em segurança viária, aponta que o modelo de remuneração baseado em produtividade pode incentivar práticas arriscadas, como o excesso de velocidade e a desobediência às normas de trânsito. Essa situação gera um ciclo vicioso, onde a pressão por entregas rápidas se sobrepõe à segurança, resultando em um aumento nos acidentes. Especialistas sugerem que políticas de conscientização e regulamentações mais rigorosas são necessárias para reverter essa tendência preocupante.
O aumento contínuo de mortes de motociclistas levanta questões mais amplas sobre a segurança viária e a mobilidade urbana no Brasil, especialmente em um contexto em que a demanda por serviços de entrega e transporte por aplicativo continua a crescer. Os próximos passos incluem a implementação de campanhas educativas e o fortalecimento da fiscalização nas vias, além de um diálogo mais profundo sobre a regulamentação do setor. Em suma, a realidade dos motociclistas no Ceará exige uma reflexão séria sobre como equilibrar a liberdade de circulação com a imperativa necessidade de segurança nas ruas, um dilema que continua a desafiar as autoridades locais e a sociedade em geral.