O cacique Biraci Nixiwaka, da etnia yawanawá, foi uma das principais atrações da 4ª edição da Psychedelic Science Conference, realizada em Denver, nos EUA. Financiado pelo Indigenous Medicine Conservation Fund, ele destacou a importância de integrar os conhecimentos ancestrais indígenas à ciência psicodélica. Em seu discurso, Nixiwaka enfatizou que os povos originários são os guardiões das plantas sagradas, como ayahuasca, peiote e cogumelos com psilocibina, usadas há séculos em rituais.
A conferência, que teve mais de 500 palestras, dedicou pela primeira vez um espaço permanente para representantes indígenas, embora menos de 5% das atividades tenham sido protagonizadas por eles. O cacique criticou o extrativismo espiritual, em que substâncias tradicionais são exploradas sem consulta ou compensação às comunidades. Ele propôs uma colaboração baseada no respeito, afirmando: ‘A gente pode contribuir com o mundo científico desde que vocês nos respeitem’.
O debate também abordou a tensão entre a visão biomédica, que busca isolar e padronizar substâncias, e a perspectiva indígena, que valoriza o contexto espiritual e ecológico. Enquanto a ‘psicodelia terapêutica’ ganha espaço no Norte Global, líderes tradicionais são frequentemente marginalizados. Nixiwaka encerrou seu discurso com um apelo à cooperação, destacando a necessidade de reconhecer os saberes ancestrais como fundamentais para o futuro da humanidade.