O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) votará nesta quarta-feira (25.jun.2025) uma proposta para aumentar a mistura de biocombustíveis nos combustíveis fósseis vendidos no país. O percentual de etanol na gasolina poderá subir de 27% para 30%, enquanto o índice de biodiesel no diesel passaria de 14% para 15%. A medida ocorre em meio a tensões geopolíticas no Oriente Médio, após o Parlamento do Irã aprovar, no último domingo (22.jun), o fechamento do estreito de Ormuz, rota estratégica para exportação de petróleo dos países do Golfo Pérsico. O cenário internacional pressiona o Brasil a reforçar sua autossuficiência energética e reduz a margem de manobra para depender de importações.
De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o aumento da mistura é um passo essencial para diminuir a dependência de combustíveis fósseis importados e fortalecer a cadeia produtiva nacional de biocombustíveis. Em evento recente da Fiesp, Silveira afirmou que o Brasil poderá alcançar, pela primeira vez desde 2010, independência em relação à importação de gasolina. A mudança também teria impacto direto no preço ao consumidor, com estimativa de redução de até R$ 0,13 por litro. Em 2024, o Brasil importou 760 milhões de litros de gasolina, mas a projeção para 2025, com a adoção da E30, é de exportar até 1,5 bilhão de litros. Especialistas do setor veem a medida como estratégica diante do cenário externo volátil e da necessidade de promover uma matriz energética mais limpa.
Se aprovada, a nova mistura reforçará o compromisso do país com metas de transição energética e pode impulsionar investimentos em tecnologias de bioenergia. Integrantes da indústria de etanol e biodiesel veem a medida como catalisadora para expandir a capacidade produtiva e gerar empregos no setor. Além disso, a decisão pode posicionar o Brasil como referência global em combustíveis sustentáveis, especialmente diante da crescente pressão internacional por descarbonização. A expectativa é que o CNPE aprove a proposta, o que abrirá caminho para sua implementação ainda no segundo semestre de 2025. Em um mundo cada vez mais instável energeticamente, o avanço dos biocombustíveis pode ser não apenas uma alternativa econômica, mas uma necessidade estratégica.