Os guardiões de trilhões de dólares em reservas globais estão reconsiderando suas estratégias financeiras, com uma possível mudança do dólar para o ouro, o euro e o iuan. De acordo com um relatório do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF), a ser publicado nesta terça-feira (24), um em cada três bancos centrais, que juntos administram US$ 5 trilhões, planeja aumentar sua exposição ao ouro nos próximos um a dois anos. Essa tendência reflete uma resposta às crescentes incertezas geopolíticas e à fragmentação do comércio mundial, forçando uma reavaliação dos fluxos financeiros globais.
Os resultados, coletados de uma pesquisa com 75 bancos centrais entre março e maio, indicam um impacto direto das políticas tarifárias dos Estados Unidos sob a administração Trump. As tarifas impostas em 2 de abril, conhecidas como tarifas do Dia da Libertação, geraram turbulência nos mercados, resultando em uma queda do dólar e dos Treasuries. Segundo analistas do OMFIF, essa mudança no comportamento dos bancos centrais reflete tanto um desejo de diversificação quanto uma resposta a pressões externas. A decisão de aumentar as reservas de ouro também é vista como uma medida de proteção contra volatilidades futuras e potenciais riscos econômicos globais.
No futuro, essa reorientação das reservas pode sinalizar uma transformação nos padrões financeiros globais, com implicações significativas para a hegemonia do dólar. Se mais bancos centrais seguirem essa tendência, poderíamos observar uma maior estabilização nas moedas alternativas, como o euro e o iuan, desafiando a dominância do dólar. Especialistas sugerem que essa mudança também exacerba questões relacionadas à segurança econômica e à política monetária internacional. À medida que os bancos centrais enfrentam essas novas realidades, o mundo financeiro pode estar à beira de uma nova era de diversificação e resiliência econômica.