Um projeto cultural mergulhou na obra de João Guimarães Rosa por meio de uma jornada de mais de 3 mil quilômetros pelo sertão mineiro. O artista e produtor cultural Luiz Gilmar de Castro Furtado, natural de São Tomé das Letras (MG), percorreu cidades, parques e comunidades ligadas ao escritor, promovendo debates, seminários e vivências que conectam literatura, arte e tradição. A iniciativa, ampliada com recursos próprios e apoios, incluiu uma residência artística no Museu Casa Guimarães Rosa em Cordisburgo, onde o autor nasceu, e encontros com familiares e narradores locais que preservam sua memória.
Um dos destaques da jornada foi a participação na Cavalgada Cultural Grande Sertão Veredas, em Buritizeiro, onde o artista percorreu 95 km a pé e a cavalo por paisagens que inspiraram o romance homônimo. Além disso, visitou o Parque Nacional Grande Sertão Veredas e a Gruta de Maquiné, promovendo discussões sobre a relação entre a literatura rosiana e a conservação ambiental. A experiência também incluiu interações com comunidades quilombolas e grupos culturais, como bordadeiras que transformam trechos da obra do escritor em arte têxtil.
A jornada, encerrada no Palácio das Artes em Belo Horizonte com uma adaptação operística de um conto de Guimarães Rosa, reforçou a importância de preservar o patrimônio cultural do sertão. O artista planeja expandir o projeto com seminários em São Tomé das Letras, levando o legado do escritor para escolas e a comunidade local. A iniciativa se destaca como uma ponte entre gerações, celebrando a identidade regional e o poder transformador da arte e da literatura.