Francisco Galeno, artista plástico autodidata que faleceu nesta segunda-feira (2), marcou a cultura brasileira com obras que resgatam memórias de sua infância no Delta do Parnaíba, no Piauí. Sua trajetória, entre Brasília e as ilhas do Delta, foi permeada por elementos como pipas, rendas e carreteis, que se tornaram marcas de seu estilo modernista. Galeno conquistou reconhecimento nacional e internacional, com peças expostas no Palácio do Itamaraty ao lado de nomes como Portinari e Di Cavalcanti, além de ser o autor do painel icônico da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na Asa Sul.
Nascido em uma família de artesãos, Galeno migrou para Brasília ainda criança e descobriu na arte uma forma de expressão. Autodidata, inspirou-se em mestres como Athos Bulcão e Rubem Valentim, desenvolvendo uma linguagem única que misturava influências regionais e modernismo. Sua obra, repleta de simbolismos afetivos, foi celebrada em salões de arte e exposições, incluindo uma curadoria no Rio de Janeiro, consolidando-o como um dos grandes nomes da arte brasileira contemporânea.
Além de sua contribuição artística, Galeno era conhecido por seu espírito livre e conexão com as raízes nordestinas. Mesmo após enfrentar um câncer de laringe, manteve-se produtivo, dividindo seu tempo entre Brazlândia e o Delta do Parnaíba, onde revisitava suas origens. Sua história, marcada por resistência e autenticidade, deixa um legado que transcende telas e painéis, celebrando a infância e a identidade cultural do Brasil.