O governo argentino está incentivando a população a trazer de volta ao sistema financeiro os dólares que mantêm fora dos bancos, prática conhecida como “debaixo do colchão”. Essa medida visa recuperar parte dos US$ 246 bilhões estimados que circulam na economia informal, valor que supera as reservas internacionais do país. O plano inclui permitir o uso desses recursos sem declaração de origem para compra de imóveis ou investimentos, numa tentativa de reinserir esses fundos na economia formal.
A desconfiança histórica dos argentinos em relação ao peso e ao sistema bancário remonta a crises passadas, como o “Rodrigazo” em 1975 e o “Corralito” em 2001, que levaram à perda de poupanças e à adoção do dólar como reserva de valor. Especialistas destacam que a falta desses recursos no sistema limita o crescimento econômico, já que os dólares “parados” não são usados para consumo, investimentos ou para fortalecer as reservas internacionais do Banco Central.
A iniciativa do governo, no entanto, gera debates sobre seus possíveis efeitos. Enquanto autoridades defendem que a medida devolve liberdade aos cidadãos, críticos alertam que ela pode incentivar a informalidade e enfraquecer o combate à lavagem de dinheiro. O desafio agora é convencer os argentinos a confiarem novamente nas instituições financeiras do país, um passo crucial para estabilizar a economia.