A Polícia Federal (PF) revelou que um esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), durante o governo de Jair Bolsonaro, monitorou 1.796 terminais telefônicos entre fevereiro de 2019 e abril de 2021. Segundo o relatório final da PF, 34 credenciais do programa israelense First Mile foram usadas para realizar 60.734 consultas irregulares, rastreando celulares por meio de vulnerabilidades nas redes 2G e 3G. O documento, de 1.125 páginas, teve seu sigilo levantado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
As investigações apontam que a ‘Abin Paralela’ espionou opositores do governo, incluindo servidores, jornalistas, parlamentares e membros do Judiciário. Entre os alvos estavam os ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, além de figuras como o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e a jornalista Vera Magalhães. O pico de uso do sistema ocorreu em outubro de 2020, durante as eleições municipais.
A PF classificou as vítimas em oito categorias, incluindo Poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público e servidores públicos. Jornalistas como Reinaldo Azevedo e Luiza Bandeira também foram monitorados, com campanhas de desinformação contra eles. O relatório detalha ainda que senadores da CPI da Pandemia, como Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, foram alvos de espionagem e ataques nas redes sociais. A defesa de Bolsonaro não se manifestou sobre as acusações.