Um youtuber britânico de 27 anos visitou a Coreia do Norte em abril após se inscrever na Maratona Internacional de Pyongyang, única forma que encontrou para entrar no país com uma câmera. Ele relatou ter tido mais liberdade do que esperava, filmando locais como o metrô da capital, museus e monumentos dedicados ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-líder Kim Jong-il. Apesar disso, três locais proibiram gravações, incluindo um museu de guerra onde viu uma estátua simbólica de um corvo atacando um soldado americano. Com 2,43 milhões de inscritos, ele completou a maratona em 3h40, surpreendendo-se com a torcida de 50 mil pessoas.
Durante a viagem, o youtuber testemunhou intensa propaganda política, com guias exaltando o líder Kim Jong-un como “fonte de força” e acusando a Coreia do Sul de espalhar COVID-19 via balões. Ele especulou que, apesar da possível doutrinação, alguns locais podem saber que o mundo exterior é mais desenvolvido, mas não têm como contestar o regime. Conversas com norte-coreanos revelaram curiosidade sobre os EUA e Donald Trump, além de perplexidade quanto à má imagem do país no exterior. O youtuber evitou divulgar detalhes off-camera para não prejudicar os civis.
Pouco depois da visita, o regime cancelou vistos de turistas sem explicação, levantando hipóteses de que o vídeo do youtuber possa ter influenciado a decisão. Ele enfatizou que o povo norte-coreano é diferente do governo, mostrando-se aberto e não hostil a estrangeiros. A experiência, comparada a “ver só as partes brilhantes de um país”, como Las Vegas, deixou claro o contraste entre a realidade controlada e as complexidades ocultas do regime.