Em 2023, quase 2,4 mil crianças e adolescentes com deficiência sofreram violência sexual no Brasil, sendo a maioria meninas de até 19 anos. Os dados, divulgados pelo Atlas da Violência, são considerados subnotificados, pois muitos casos não são denunciados, especialmente quando as vítimas têm deficiência. Essas crianças enfrentam vulnerabilidade adicional devido a contextos de dependência, isolamento e invisibilidade, agravados pela falta de reconhecimento de seus direitos sexuais e reprodutivos, segundo especialistas.
A psicóloga Marina Poniwas destaca que, embora muitas vezes subestimadas, crianças com deficiência podem compreender e demonstrar quando sofrem abusos. Ela enfatiza a necessidade de serviços públicos acessíveis e da capacitação de famílias, cuidadores e profissionais para identificar sinais não verbais de sofrimento. Projetos como “Eu me Protejo” buscam educar crianças e adolescentes sobre autocuidado e prevenção, utilizando linguagem simples e materiais acessíveis para ensinar sobre consentimento e proteção.
A denúncia é crucial para interromper ciclos de violência, e qualquer suspeita pode ser relatada ao Conselho Tutelar, à polícia ou pelo Disque 100. Cristiane Santana, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio, ressalta a importância de levar a sério relatos de abuso, mesmo quando a vítima tem dificuldade de comunicação. Ações rápidas podem evitar danos físicos e psicológicos duradouros, além de combater a cultura de impunidade e invisibilidade que envolve esses casos.