O velório do ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica, que faleceu aos 89 anos, foi encerrado nesta quinta-feira (15) após mais de 24 horas de homenagens públicas no Palácio Legislativo. Seu corpo será cremado na sexta-feira (16), e as cinzas serão enterradas na propriedade onde vivia, nos arredores de Montevidéu. A cerimônia contou com a presença de líderes internacionais, incluindo os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric, que destacaram o legado humanista e a resistência de Mujica, que sobreviveu a 14 anos de prisão durante a ditadura militar.
Mujica, que governou o Uruguai entre 2010 e 2015, foi um símbolo da esquerda latino-americana, conhecido por políticas progressistas como a legalização do aborto, da maconha e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Além disso, transformou o país em referência em energia limpa e adotou um estilo de vida simples, doando grande parte de seu salário para projetos sociais. Seu funeral reuniu adversários políticos e aliados, em um raro momento de união nacional, com o presidente Yamandú Orsi decretando três dias de luto oficial.
A trajetória de Mujica, desde sua atuação como guerrilheiro nos anos 1960 até a presidência, foi marcada por uma filosofia de perdão e generosidade, mesmo após sofrer torturas durante o regime militar. Nos últimos anos, dedicou-se à vida no campo, onde cultivava sua horta e viveu ao lado de sua cadela Manuela, cujo túmulo agora abrigará suas cinzas. Sua morte encerra um capítulo importante da história uruguaia, mas suas ideias continuam a inspirar gerações.