A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) outorgou, em 28 de maio de 2025, o título de doutora honoris causa à ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. A solenidade, realizada no Teatro Odylo Costa, filho, registrou a ministra como a primeira pessoa indígena a receber a mais alta honraria da instituição, inserindo seu nome no Livro Tombo de Ocorrências Históricas ao lado de personalidades como Nelson Mandela e Gilberto Gil. Guajajara, visivelmente emocionada, dedicou o título à trajetória coletiva dos povos indígenas do Brasil e do mundo.
Em seu discurso, a ministra destacou o pioneirismo da Uerj ao implementar, há mais de duas décadas, o sistema de cotas raciais e sociais – política posteriormente adotada nacionalmente. Ela enfatizou que a universidade reconheceu formalmente que o mérito acadêmico não pode ser dissociado das desigualdades estruturais, possibilitando que milhares de jovens negros, indígenas e periféricos acessassem o ensino superior. Guajajara expressou profunda alegria ao ver a nova geração indígena ocupando espaços diversos na sociedade, desde salas de aula até ministérios, e reforçou a defesa da demarcação de terras indígenas.
A reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, ressaltou a importância histórica da concessão do título, definido como o grau máximo de reconhecimento da universidade por contribuição à sociedade, cultura e ciência. Ela informou que a instituição conta atualmente com 38 estudantes indígenas ingressantes por cotas. Estudantes indígenas presentes, como Tangwa Puri e Thaís Guajajara, celebraram o momento como uma demonstração de existência, reconhecimento e possibilidade, afirmando que a homenagem simboliza que os povos indígenas não estão apenas na resistência, mas também alcançando espaços de honra e representação.