Em Santa Isabel, cidade do interior paulista, Messias Caraça de Campos, de 69 anos, preserva uma tradição familiar que remonta às gerações passadas: o uso da charrete como meio de transporte. Desde criança, ele observava o avô e o pai utilizarem o veículo puxado por cavalos para tarefas cotidianas, como ir à feira ou visitar parentes. Hoje, Messias mantém o costume, adaptando-o à rotina moderna como caseiro em um sítio local, onde o cavalo Foguinho é seu parceiro indispensável para transportar ração, cortar grama e cumprir outras tarefas rurais.
Apesar da praticidade, Messias evita levar a charrete para fora da cidade, citando a falta de respeito de alguns motoristas no trânsito. Para viagens mais longas, opta pela bicicleta ou motocicleta. O cuidado com Foguinho e a charrete é prioridade: a alimentação do animal é reforçada, as vacinas estão em dia, e a estrutura do veículo recebe manutenção constante, mesmo que improvisada quando necessário. “O cavalo é o carro que Deus deixou”, reflete Messias, destacando a importância do animal em sua vida.
Além do uso cotidiano, a charrete já foi parte de celebrações culturais, como a tradicional Entrada dos Palmitos em Mogi das Cruzes, onde Messias desfilou com um carro de boi em 1998 e 1999. Apesar de não manter mais juntas de bois, ele guarda com saudade esses momentos, que reforçam o vínculo entre o passado e o presente no campo. A história de Messias e Foguinho é um testemunho vivo de como tradições simples resistem ao tempo, mesmo em um mundo cada vez mais acelerado.