Durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Aldo Rebelo foi advertido e ameaçado de prisão pelo ministro Alexandre de Moraes após um debate acalorado sobre a interpretação de falas atribuídas ao ex-comandante da Marinha. Rebelo, que depunha como testemunha de defesa, argumentou que expressões usadas em conversas não devem ser tomadas ao pé da letra, mas foi interrompido por Moraes, que exigiu que ele se limitasse aos fatos. O clima tenso continuou quando a defesa questionou se a Marinha teria capacidade para um golpe de Estado, levando Moraes a reforçar que conjecturas sem base técnica não são admissíveis.
O ex-vice-presidente Hamilton Mourão também prestou depoimento, negando qualquer envolvimento em supostas articulações golpistas e atribuindo a desordem em Brasília em 8 de janeiro de 2023 ao governo atual. Mourão, que testemunha em favor de outros investigados, afirmou não ter conhecimento de tentativas de golpe e evitou classificar delatores como mentirosos, destacando que não teve acesso às declarações completas. Sua fala, no entanto, contrasta com mensagens investigadas pela Justiça que sugerem conversas sobre a possível saída do ex-presidente do poder.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reconheceu ter feito uma pergunta inadequada durante o interrogatório, ao questionar Rebelo sobre a capacidade da Marinha em promover uma ruptura institucional sem o apoio do Exército. O áudio, captado sem intenção, revelou o constrangimento do procurador, que admitiu o erro. A sessão também contou com o depoimento do atual comandante da Marinha, que pediu para ser dispensado por desconhecer os fatos, mas a defesa insistiu em sua participação, mantendo a audiência a critério do ministro Alexandre de Moraes.