O governo federal tem adotado medidas expansionistas para estimular a economia, como a liberação de recursos do FGTS, novas regras para crédito consignado e ampliação da isenção do Imposto de Renda. Essas ações, impulsionadas pela proximidade das eleições de 2026, buscam garantir um crescimento médio do PIB acima de 3% no mandato atual. No entanto, o Banco Central alerta que o ritmo acelerado da atividade econômica, combinado com gastos públicos elevados, exerce pressão inflacionária, exigindo uma política monetária mais restritiva.
Enquanto o Ministério da Fazenda defende o estímulo fiscal, o BC mantém os juros altos para conter a inflação, destacando que a economia opera acima do seu potencial sem gerar pressões de preços. Analistas apontam que a falta de harmonia entre as políticas fiscal e monetária dificulta o controle da inflação e aumenta o custo da dívida pública, que já atingiu 75,9% do PIB. O arcabouço fiscal, aprovado em 2023 para limitar gastos, mostra-se insustentável diante do crescimento das despesas obrigatórias, como reajustes do salário mínimo e investimentos em saúde e educação.
Especialistas destacam que, sem um ajuste mais profundo nas contas públicas, a trajetória da dívida permanece incerta, pressionando as expectativas de inflação e os juros futuros. O BC reforça a necessidade de desacelerar a economia para alcançar a meta de inflação de 3%, enquanto o governo insiste em medidas de estímulo. O descompasso entre as duas políticas cria um cenário de incerteza, com impactos diretos no custo de crédito e no endividamento do país.