A venda de tadalafila, medicamento para disfunção erétil, cresceu quase 20 vezes no Brasil na última década, atingindo 64 milhões de unidades em 2024. O aumento é impulsionado pelo hype nas redes sociais, onde o remédio é promovido como um potencializador sexual, inclusive em formatos como gomas, recentemente proibidas pela Anvisa. Embora o fármaco tenha ajudado a reduzir o tabu em torno da disfunção erétil, especialistas alertam que seu uso sem necessidade médica pode mascarar inseguranças e criar dependência psicológica.
Médicos explicam que a tadalafila age como vasodilatador, melhorando o fluxo sanguíneo para a ereção, mas não aumenta o tempo de relação, o tamanho do pênis ou a frequência sexual, como divulgado erroneamente. O uso indiscriminado, especialmente entre jovens, pode levar à disfunção erétil no futuro, já que o sexo também depende de fatores emocionais. Psiquiatras destacam que a busca pelo medicamento reflete pressões sociais, como medo de comparação e desempenho, agravados pela influência da pornografia e redes sociais.
Apesar dos poucos efeitos colaterais físicos, há relatos de complicações visuais e auditivas em casos raros. O maior risco, porém, é a dependência emocional: a ideia de que só é possível ter relações com o auxílio do remédio. Especialistas reforçam a importância de tratar as causas reais da insegurança, seja por terapia ou acompanhamento médico, em vez de adotar soluções imediatistas que podem prejudicar a saúde sexual a longo prazo.