Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) coletaram mais de 2 bilhões de mensagens públicas do Discord, plataforma popular entre adolescentes, utilizando ferramentas disponibilizadas pela própria empresa. O estudo, publicado no arXiv, teve como objetivo criar um banco de dados para pesquisas em ciências sociais, garantindo a anonimização das mensagens para proteger a identidade dos usuários. Apesar disso, a plataforma afirmou que a extração de dados violou seus termos de serviço, levantando debates sobre privacidade e segurança.
A pesquisa utilizou a API oficial do Discord, que permite acesso a servidores públicos, e seguiu critérios de anonimização, como a substituição de nomes por pseudônimos. Um professor da PUC-SP que analisou o estudo considerou a iniciativa eticamente adequada, destacando que os dados eram públicos e coletados de forma regular. No entanto, o Discord argumentou que a ação foi feita sem consentimento escrito, enfatizando seu compromisso com a privacidade dos usuários.
O caso levanta questões sobre os limites da coleta de dados públicos, mesmo quando realizados por meio de ferramentas oficiais. Enquanto plataformas como o Twitter já permitiram esse tipo de análise, o Discord parece estar revisando suas políticas para evitar usos não autorizados. O debate reflete a tensão entre a pesquisa acadêmica e a proteção de dados em ambientes digitais cada vez mais complexos.