A síndrome de pica, também conhecida como alotriofagia, é um transtorno alimentar caracterizado pelo desejo persistente de ingerir substâncias não comestíveis ou sem valor nutricional, como sabão, papel, cabelo e até terra. O nome da condição é inspirado no pássaro pica-pica, que tem o hábito de engolir objetos diversos. Embora possa ocorrer em qualquer fase da vida, é mais comum em crianças entre um e seis anos, afetando também gestantes, pessoas com deficiência intelectual ou com outros transtornos mentais, como o autismo.
Segundo especialistas, a simples curiosidade por experimentar algo incomum não configura a síndrome — é necessário que o comportamento seja repetitivo. Entre os gatilhos estão tédio, curiosidade e a busca por alívio de tensões emocionais. O diagnóstico muitas vezes ocorre apenas após complicações de saúde, como intoxicação, obstrução intestinal ou anemia, já que muitos pacientes escondem o hábito por vergonha.
A síndrome pode levar a graves consequências físicas, incluindo desnutrição, sangramentos e até a necessidade de intervenção cirúrgica. Além dos riscos à saúde, há impactos psicológicos e sociais, como estigmatização. O tratamento envolve abordagens comportamentais, reforço positivo e controle de estímulos, destacando-se a importância do acompanhamento médico e psicológico para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.