Servidores do INSS responsáveis por fiscalizar descontos ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas relataram ter sofrido ameaças após descredenciarem associações irregulares. As mensagens intimidatórias, recebidas em 2020, continham detalhes pessoais e referências ao trabalho dos funcionários, levando-os a registrar queixas na Polícia Federal. Dois inquéritos foram abertos, mas as investigações, transferidas para o Paraná, não identificaram os responsáveis e foram encerrados três anos depois, sem diligências nas entidades suspeitas.
Após as ameaças, o INSS alterou as regras de fiscalização, transferindo a atribuição para outro setor. A mudança coincidiu com um aumento no número de associações credenciadas e na retomada de repasses financeiros. Dados do Portal da Transparência mostram que os descontos realizados por essas entidades saltaram de R$ 36 milhões em 2020 para R$ 4,3 bilhões em 2025, levantando questões sobre a eficácia dos controles.
A Operação Sem Desconto, que investigou irregularidades no sistema, só foi deflagrada em 2024, após a imprensa divulgar o caso. O ex-presidente do INSS afirmou que a reestruturação do órgão justificou a mudança nas atribuições, mas desconhece o desfecho dos contratos após sua saída em 2022. O caso expõe desafios na proteção de servidores que combatem fraudes e na fiscalização de repasses públicos.