A realidade das crianças órfãs e abandonadas no passado é marcada por práticas que hoje causam estranheza. Nos séculos XIX e XX, em Porto Alegre, bebês eram deixados anonimamente na Santa Casa de Misericórdia por meio de uma estrutura conhecida como Roda dos Expostos. O mecanismo, feito de madeira e embutido na parede, permitia que mães depositassem os recém-nascidos sem serem vistas, girando a roda e tocando um sino para alertar as irmãs de caridade do outro lado.
O processo era rápido e silencioso, sem qualquer contato direto ou troca de informações. A Roda dos Expostos funcionou de 1837 até 1940, servindo como solução para o abandono de crianças em uma época sem políticas públicas de acolhimento. Similar a outros equipamentos existentes no país, a estrutura hoje faz parte do museu da Santa Casa, que exibe artefatos históricos e conta a trajetória da instituição no cuidado aos abandonados.
O museu preserva não apenas a Roda, mas também objetos que ilustram como era o atendimento às crianças e o funcionamento do hospital na época. A exposição funciona como uma aula de arqueologia, revelando costumes e desafios de um período em que o anonimato e a discrição eram parte essencial do processo de abandono e acolhimento.