Um vídeo de depoimento obtido com exclusividade pela Polícia Federal detalha como diplomatas russos participaram de um esquema que ia além da falsificação de documentos. De acordo com testemunhas, o Brasil foi usado como base para espiões russos desde os anos 1980, facilitando a criação de identidades falsas e a obtenção de passaportes brasileiros. O caso mais emblemático envolve um indivíduo que, após adotar uma identidade local, chegou a estagiar no Tribunal Penal Internacional de Haia antes de ser preso.
A operação, batizada de “Fábrica de Espiões”, contou com a colaboração de funcionários de um consulado russo no Rio de Janeiro, que solicitavam a verificação de certidões de óbito para possivelmente criar documentos falsos. Investigadores internacionais, incluindo agentes do FBI e da ABIN, acompanharam o caso. Um dos envolvidos alegou que não há provas concretas de espionagem, enquanto a Rússia pediu sua extradição sob acusações de tráfico de drogas.
O The New York Times revelou uma lista de nove espiões que atuaram no Brasil, muitos deles usando identidades brasileiras para atuar em outros países. Alguns fugiram antes de serem capturados, enquanto outros desapareceram sem deixar rastros. As embaixadas envolvidas não se pronunciaram sobre as denúncias, que continuam sob investigação.