A desocupação da Favela do Moinho, no centro de São Paulo, já realocou 181 famílias desde o fim de abril, com a maioria optando por receber auxílio-aluguel de R$ 800 enquanto aguarda moradias definitivas. Apenas quatro famílias foram transferidas para unidades habitacionais financiadas pela CDHU, como no caso de uma auxiliar de limpeza que, após anos de espera, conseguiu um apartamento na Zona Leste. A mudança, embora positiva, trouxe novos desafios, como a distância do trabalho e a falta de rede de apoio, contrastando com a solidariedade que marcava a vida na comunidade.
O processo de remoção tem sido marcado por tensões, com protestos e resistência de moradores que alegam ter investido tempo e recursos em suas casas, mesmo sem titularidade legal. O governo estadual planeja transformar a área em um parque, mas o governo federal questionou o uso da força policial e interrompeu a cessão do terreno. Enquanto isso, famílias como a de um entregador, que enfrentou incêndios e infestação de escorpiões na favela, veem a mudança como uma oportunidade para recomeçar, apesar das dificuldades financeiras e logísticas.
Investigações recentes revelaram que a favela abrigava uma base de inteligência de uma facção criminosa, com equipamentos para monitorar operações policiais e controlar a comunidade. A presença do crime organizado complicou o processo de desocupação, que ocorreu sob forte esquema de segurança. Apesar dos conflitos, histórias como as das famílias realocadas mostram um misto de adaptação, resiliência e esperança diante de um futuro incerto.