A reinjeção de gás natural em poços de petróleo no Brasil atingiu 54% da produção total em abril, segundo dados da ANP. Com 90,6 milhões de m³/dia reinjetados, a prática, que se intensificou desde 2015, é usada para aumentar a pressão nos reservatórios e facilitar a extração de petróleo, mais valorizado no mercado. Países com perfil similar ao do Brasil reinjetam entre 20% e 35% do gás, abaixo do percentual brasileiro, que ultrapassa 50%.
Diante desse cenário, o governo brasileiro planeja importar até 30 milhões de m³/dia de gás natural da Argentina até 2030, aproveitando o potencial da jazida de Vaca Muerta. O ministro de Minas e Energia destacou que 17 empresas já têm autorização para importar o insumo e enfatizou a necessidade de ajustes nas tarifas de transporte para garantir competitividade. O gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, com investimento previsto de R$ 6,83 bilhões, é uma das obras essenciais para viabilizar a integração energética.
A infraestrutura brasileira para distribuição de gás ainda é limitada, com apenas 58.436 km de gasodutos, menos de 1/3 da malha argentina. A diferença se deve, em parte, ao perfil de exploração: enquanto a Argentina concentra reservas em terra, o Brasil extrai a maior parte do gás do pré-sal, em águas profundas, exigindo investimentos maiores em dutos. A reinjeção do gás nos poços de petróleo também contribui para a subutilização do insumo no mercado interno.