A esperada reforma ministerial do governo Lula, prometida para novembro do ano passado, perdeu seu timing estratégico e agora enfrenta desinteresse por parte dos partidos de centro e centro-direita que compõem sua base aliada. Mesmo após sete meses de atraso, avalia-se que mudanças no gabinete teriam pouco impacto na relação com o Congresso ou nos preparativos para as eleições de 2026. Até agora, as trocas foram limitadas a substituições dentro do PT e em pastas isoladas, sem atender às demandas por maior espaço político para os aliados.
Líderes do centrão defendiam uma reformulação mais ampla, incluindo a redução da influência do PT em áreas-chave do governo, mas essas expectativas não se concretizaram. A proximidade das eleições de 2026 também desestimula mudanças, pois eventuais novos ministros teriam apenas cerca de dez meses no cargo antes de precisarem deixá-lo para disputar o pleito. Além disso, o aumento das emendas parlamentares diminuiu a dependência dos congressistas em relação ao governo, reduzindo o interesse em assumir pastas ministeriais.
Enquanto isso, os partidos aliados mantêm seus ministérios, mas sinalizam insatisfação com a distribuição desequilibrada de pastas, que não reflete sua força no Congresso. A indefinição de Lula e a instabilidade da base têm levado o governo a se aproximar dos presidentes da Câmara e do Senado, buscando garantir governabilidade. Apesar das críticas, não há movimentos concretos para romper com o Palácio do Planalto, e a decisão sobre permanecer no governo deve ser tomada apenas no primeiro trimestre de 2025, após avaliação de fatores como popularidade e cenário eleitoral.