O psicólogo social americano Jonathan Haidt, conhecido por pesquisar os efeitos das telas e redes sociais na saúde mental de jovens, elogiou a proibição de celulares nas escolas no Brasil, mas destacou a necessidade de limitar também o uso em casa. Em entrevista ao programa Fantástico, ele defendeu regras rígidas, como evitar redes sociais antes dos 16 anos e proibir telas no quarto à noite, período em que ocorrem mais casos de assédio online. Haidt reconhece que impor essas medidas é desafiador, pois os adolescentes tendem a esconder atividades dos pais, mas reforça a importância de adiar o acesso às plataformas digitais.
O especialista explica que os impactos negativos variam entre gêneros: meninas sofrem mais com pressão estética e assédio, enquanto meninos são mais afetados por vícios em jogos e pornografia. Aos 14 anos, elas tendem a apresentar mais ansiedade e depressão, mas eles podem enfrentar consequências a longo prazo, como dificuldades acadêmicas e profissionais. Sintomas como irritação e tristeza ao ficar longe das telas são sinais de dependência que exigem atenção dos pais.
Apesar dos desafios, Haidt ressalta que a recuperação é possível. Adolescentes que passam por períodos sem telas, como em internações, mostram melhora em 15 a 20 dias, superando a fase de abstinência. O psicólogo enfatiza que, com mudanças de hábitos, é possível reconquistar a atenção e o equilíbrio emocional, permitindo que os jovens retomem uma vida mais saudável.