Em uma sociedade inundada por informações, o estado de vigilância constante tem desgastado as pessoas, afirma a psicóloga especializada em estresse Elissa Epel. Durante o seminário Healthy Aging 2025, realizado pela Universidade Stanford, ela destacou a relação entre o estresse crônico e o encurtamento dos telômeros — estruturas que protegem os cromossomos e estão ligadas ao envelhecimento. Epel comparou os telômeros às pontas de cadarços, que, quando desgastadas, deixam o material genético vulnerável. Sua pesquisa, em parceria com uma ganhadora do Nobel, revelou que situações como violência e bullying aceleram esse desgaste, impactando diretamente a saúde celular.
A psicóloga diferenciou estresse de ansiedade, explicando que o primeiro é uma resposta natural a ameaças específicas, enquanto a segunda está associada a uma sensação difusa de descontrole. Ela defendeu a importância do “stress fitness”, ou capacidade de modular o estresse, usando como exemplo a reação de uma gazela diante de um leão: é preciso adaptar-se para enfrentar desafios, pois evitá-los limita a resiliência. No entanto, o estresse crônico, comum em jovens adultos devido a fatores como redes sociais e mudanças climáticas, preocupa por seu impacto prolongado nos telômeros e na saúde mental.
Epel enfatizou que as gerações mais jovens, expostas a um mundo volátil, estão menos preparadas para lidar com instabilidades. A convivência intergeracional, segundo ela, pode ser uma ferramenta valiosa para transmitir experiências e demonstrar que é possível superar adversidades. Além disso, a psicóloga ressaltou que relações sociais sólidas, como amizades, são aliadas na redução do estresse e até de riscos cardiovasculares, reforçando a necessidade de equilíbrio entre desafios e apoio emocional.