A administração Trump propôs em maio de 2025 a imposição de tarifas de 100% sobre filmes estrangeiros, alegando a necessidade de proteger a indústria cinematográfica americana. No entanto, a medida enfrentou resistência de grupos de Hollywood, que prefeririam incentivos fiscais em vez de barreiras comerciais. Além disso, a ideia levantou dúvidas sobre sua viabilidade prática e o impacto nos consumidores, que teriam de arcar com custos mais altos para assistir a produções internacionais.
O maior problema, porém, é que filmes são considerados serviços, um setor no qual os Estados Unidos têm grande vantagem competitiva. Empresas de tecnologia, finanças, saúde e entretenimento dominam a economia americana, representando quase 80% do PIB do país. Se outras nações retaliassem com tarifas sobre serviços americanos, como plataformas digitais ou propriedade intelectual, o núcleo da economia dos EUA poderia ser severamente afetado. A União Europeia, por exemplo, já possui um mecanismo chamado “grande bazuca”, que permitiria restringir serviços americanos em resposta a medidas protecionistas.
A proposta de tarifas sobre filmes pode abrir um precedente perigoso, invertendo décadas de liberalização comercial em serviços, consolidada por acordos como a Rodada do Uruguai. Embora a intenção declarada seja ajudar Hollywood, especialistas alertam que a medida pode desencadear uma guerra comercial ampliada, com consequências imprevisíveis para o mercado global. Se implementada, a iniciativa não só ameaçaria a resiliência do mercado de ações, mas também poderia transformar-se em um conflito econômico sem vencedores.