A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) propôs um novo modelo de plano de saúde com cobertura restrita e custo reduzido, voltado principalmente para pessoas que não têm acesso a planos tradicionais nem desejam depender exclusivamente do SUS. O plano, que será testado por dois anos em um ambiente regulatório controlado (sandbox), cobre apenas consultas eletivas e exames pré-definidos, excluindo atendimentos de urgência, internações e terapias. A ideia é atrair quem hoje recorre a clínicas populares ou cartões de desconto, estimando-se que 50 milhões de pessoas se encaixem nesse perfil.
A iniciativa gerou debates, com críticas sobre a falta de uma Análise de Impacto Regulatório (AIR), que avaliaria os efeitos da medida sobre consumidores, empresas e o SUS. O Ministério Público Federal argumentou que a ausência desse estudo compromete a transparência e a avaliação de riscos. A ANS respondeu que a AIR não é obrigatória e que a proposta foi baseada em estudos técnicos prévios. Especialistas também questionam se o plano realmente aliviaria a demanda no SUS, citando experiências passadas em que a expansão de planos não reduziu a pressão sobre o sistema público.
Além disso, há preocupações sobre a cobertura limitada, que exclui áreas essenciais como oncologia e psiquiatria, e o risco de criar uma falsa sensação de acesso à saúde. A ANS reforça que o produto não se enquadra como plano tradicional e não permite portabilidade para outros modelos. A proposta foi submetida à consulta pública, e a decisão final considerará as contribuições recebidas. Enquanto isso, o valor do plano ainda não foi definido, mas a agência usa como referência planos ambulatoriais, que custavam em média R$ 360 em 2024.