A Câmara dos Deputados protocolou nesta quinta-feira (15) três projetos de lei que visam estabelecer políticas públicas relacionadas às bonecas reborn, objetos hiper-realistas que simulam bebês recém-nascidos. As propostas, as primeiras do tipo no Congresso Nacional, abordam desde a proibição de simulações de atendimentos médicos com as bonecas em instituições de saúde até a criação de diretrizes para acolhimento psicológico de pessoas que desenvolvem vínculos afetivos intensos com esses objetos. O nicho, que movimenta valores altíssimos — com relatos de vendedoras faturando até R$ 300 mil mensais —, ganhou destaque nas redes sociais nos últimos meses, impulsionando o debate sobre seus limites e consequências sociais.
Um dos projetos, de autoria de um deputado, propõe penalidades para estabelecimentos que simularem partos ou consultas médicas com as bonecas, incluindo multas de R$ 50 mil para hospitais privados que permitirem a prática. Já outra proposta, apresentada por uma parlamentar, sugere a criação de um protocolo no SUS para identificar e acompanhar casos de sofrimento emocional em indivíduos que atribuem características humanas aos objetos. O terceiro projeto prevê multas de até R$ 30 mil para quem tentar usar as bonecas para obter benefícios indevidos, como prioridade em filas ou assentos preferenciais.
O fenômeno das bonecas reborn, embora lucrativo para algumas empresas, levanta questões sobre saúde pública e ética. Enquanto lojas oferecem certidões de nascimento e carteiras de vacinação para os objetos, especialistas alertam para a banalização de serviços médicos e o possível desvio de recursos. As propostas em tramitação buscam equilibrar a liberdade individual com a necessidade de regulamentação, evitando abusos e garantindo que o sistema de saúde priorize pacientes reais.