Produtores rurais destacaram os desafios técnicos e burocráticos do Cadastro Ambiental Rural (CAR) durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Criado pelo Código Florestal, o CAR visa regularizar propriedades rurais com base em critérios ambientais, mas, mais de uma década após sua implementação, muitos cadastros ainda não foram validados. Essa demora afeta a segurança jurídica dos imóveis, o acesso a crédito e as exportações, especialmente em estados como Santa Catarina, onde o agronegócio representa parte significativa da economia.
A análise dos dados do CAR, de responsabilidade dos estados, tem sido lenta, com exceção de alguns que adotaram sistemas próprios. No âmbito federal, o Ministério da Gestão e da Inovação gerencia o cadastro, que conta com 7,8 milhões de propriedades registradas. Entretanto, há problemas como sobreposição de áreas e inconsistências nos dados autodeclarados, exigindo verificações mais rigorosas. Projetos como o RetifiCAR, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), buscam auxiliar os produtores na correção dessas informações.
Os produtores também pediram extensão do prazo para o georreferenciamento de imóveis, atualmente previsto para novembro deste ano. Propostas em tramitação na Câmara sugerem prorrogação até 2030. A deputada Daniela Reinehr defendeu a criação de uma força-tarefa entre órgãos federais e estaduais para agilizar a regularização, destacando que Santa Catarina aumentou sua cobertura florestal de 28% para 39% entre 2009 e 2024, demonstrando o compromisso ambiental do setor.