Um processo judicial na Comarca de Sorriso, Mato Grosso, envolvendo um valor superior a R$ 40 milhões, está sob escrutínio devido a possíveis conflitos de interesse relacionados à magistrada responsável. A ação, movida por uma empresa de fertilizantes contra um armazém geral, foi atribuída à juíza que recentemente realizou uma transação imobiliária de R$ 4 milhões com um dos sócios da empresa autora. A venda do imóvel, embora legal, levanta questionamentos sobre a isenção da magistrada, já que o Código de Processo Civil prevê a declaração de suspeição em casos de relações financeiras significativas com as partes envolvidas.
Especialistas destacam que a ausência de uma manifestação pública sobre o possível impedimento da juíza pode comprometer a credibilidade do processo. Decisões liminares em ações de execução, como bloqueios patrimoniais, têm impacto direto nas empresas, e a percepção de parcialidade pode abrir espaço para contestações futuras. Além disso, a proximidade temporal entre a transação imobiliária e o início do processo reforça a preocupação com a imparcialidade do julgamento.
O caso transcende o mérito processual e coloca em xeque um dos princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito: a imparcialidade judicial. A falta de transparência na condução do processo gera desconfiança e pode afetar a integridade do Poder Judiciário. Até o momento, não há registros de pedidos de afastamento da magistrada, nem manifestações do Ministério Público ou das partes envolvidas. O silêncio em torno do assunto amplia as dúvidas sobre a lisura do procedimento.