Um estudo recente publicado no periódico Communications Earth & Environment descobriu que os excrementos de pinguins podem ter um papel inesperado no clima da Antártica. O guano, como são chamadas as fezes dessas aves, libera amoníaco, um composto que favorece a formação de nuvens. Essas nuvens atuam como uma barreira térmica, ajudando a reduzir a temperatura da superfície e influenciando a extensão do gelo marinho, que tem sofrido reduções recordes devido às mudanças climáticas.
A pesquisa, realizada nas proximidades da base argentina Marambio, mostrou que os níveis de amoníaco aumentaram mais de mil vezes quando os ventos vinham de uma colônia com cerca de 60 mil pinguins-de-adélia. Os cientistas observaram que o gás intensifica a formação de aerossóis, partículas que servem como núcleos para as nuvens. Horas depois do aumento dessas partículas, surgia neblina no local, reforçando a conexão entre o guano e a cobertura de nuvens.
Apesar da descoberta promissora, os autores ressaltam que o efeito do guano sobre a temperatura ainda não foi quantificado. Eles sugerem que os pinguins podem ajudar a mitigar os impactos das mudanças climáticas em seu habitat, mas que esse processo sozinho não é suficiente para reverter o aquecimento global. A Antártica, que já perdeu mais de 25% de sua cobertura de gelo em comparação com a média histórica, continua enfrentando desafios críticos, especialmente para espécies como os pinguins-imperadores, ameaçadas pelo desaparecimento do gelo essencial para sua reprodução.