Uma pesquisa recente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) apontou que a principal razão para os brasileiros não lerem não é o preço dos livros, mas a falta de tempo. O estudo mostrou que 31,8% dos entrevistados alegaram não ter tempo para ler, enquanto apenas 16,7% citaram o custo das obras como obstáculo. A especialista em literatura infantil e juvenil Laura Vecchioli destacou que a escassez de tempo está relacionada ao uso excessivo de redes sociais e à sobrecarga de tarefas, especialmente entre mulheres, que muitas vezes são as principais incentivadoras da leitura nas famílias.
A discussão também abordou o elitismo no acesso à literatura no Brasil. Apesar de políticas públicas e programas de incentivo, Vecchioli afirmou que a cultura da leitura ainda é restrita a certos grupos. Ela sugeriu que metas realistas, como dedicar poucos minutos por dia ou semana, podem ajudar a cultivar o hábito. Além disso, enfatizou que a leitura não deve ser vista apenas como obrigação, mas também como forma de prazer e desconexão em um mundo hiperconectado.
Para tornar a leitura mais acessível, a especialista recomendou alternativas como clubes de leitura, sebos, livros digitais acessíveis e feiras literárias. A pesquisa serve como um termômetro social, auxiliando na formulação de políticas públicas e na reflexão individual sobre prioridades. O tema está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 4, que busca educação de qualidade para todos.