Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas entre 2018 e 2024 em São Paulo apontou graves deficiências nas investigações de mortes decorrentes de ações policiais. A pesquisa, que analisou 849 processos envolvendo 946 óbitos, mostrou que apenas 8,9% dos casos tiveram perícia no local do incidente. Além disso, em 85% das ocorrências, não foi realizado o exame residual de pólvora nas vítimas, procedimento crucial para determinar se houve troca de tiros.
O levantamento destacou que 62% das vítimas eram pessoas negras, levantando preocupações sobre possíveis viéses raciais. Exames necroscópicos, essenciais para entender a dinâmica dos confrontos, foram feitos em 79% dos casos, mas nenhum policial foi denunciado ao Ministério Público no período analisado. A falta de transparência e suporte técnico nas investigações conduzidas pela Polícia Militar coloca em dúvida a eficácia e a imparcialidade dos processos.
A ausência de perícias detalhadas e a baixa responsabilização dos agentes envolvidos sugerem a necessidade de reformas nos protocolos de apuração. O estudo reforça a importância de práticas padronizadas para garantir maior rigor nas investigações, especialmente em casos que envolvem o uso da força letal. Os dados revelam um cenário preocupante que demanda atenção das autoridades e da sociedade civil.