Um estudo apoiado pela Ação da Cidadania expõe a grave situação enfrentada por entregadores de aplicativos no Brasil, com 30% deles vivendo em insegurança alimentar moderada ou grave. A pesquisa mostra que 69% ganham menos de um salário mínimo, 41% já sofreram acidentes de trabalho e quase 60% laboram todos os dias da semana, muitas vezes por mais de nove horas diárias. Apesar disso, esses trabalhadores permanecem invisíveis para políticas públicas, sem suporte das empresas que lucram com seu trabalho.
O diretor-executivo da Ação da Cidadania critica o modelo atual, que transfere toda a responsabilidade para os trabalhadores e o Estado, enquanto as plataformas evitam assumir custos com direitos básicos, como saúde e previdência. Ele questiona a falta de empatia dos consumidores, que aceitam pagar taxas elevadas em restaurantes, mas resistem a valores justos pelas entregas, muitas vezes feitas em condições perigosas. A regulamentação é apontada como solução urgente para garantir condições dignas e uma divisão mais equitativa dos lucros.
A ausência de plataformas de entrega na lista suja do trabalho escravo, apesar das condições degradantes enfrentadas pelos entregadores, reflete lacunas na legislação. Especialistas cobram ação do poder público e mobilização social para pressionar por mudanças, destacando que o modelo atual só beneficia empresas e consumidores, em detrimento dos trabalhadores. A discussão alinha-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 8, que visa promover trabalho decente e crescimento econômico sustentável.