Apenas 23% dos brasileiros entre 15 e 64 anos possuem altas habilidades digitais, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pela Conhecimento Social, Ação Educativa e Fundação Itaú. O estudo, que pela primeira vez avaliou o alfabetismo no contexto digital, mostrou que as dificuldades são maiores entre pessoas acima de 40 anos, mas também afetam jovens. As tarefas propostas, como comprar um tênis online, inscrever-se em um evento ou buscar filmes em streaming, revelaram desafios significativos, especialmente na construção de textos argumentativos e na compreensão de símbolos digitais.
O Brasil ainda tem 29% de analfabetos funcionais, que conseguem apenas leituras básicas, e apenas 3% desse grupo possui alto nível de habilidades digitais. Entre os que têm alfabetismo elementar (36% da população), 18% se destacam no ambiente digital, sugerindo que a tecnologia pode oferecer oportunidades inacessíveis no mundo analógico. No entanto, 25% dos brasileiros estão no nível mais baixo de proficiência digital, enfrentando uma dupla exclusão: educacional e tecnológica.
A pesquisa, realizada com 2,5 mil pessoas entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, também destacou diferenças geracionais: jovens de 15 a 29 anos tiveram melhor desempenho, enquanto apenas 6% dos entrevistados entre 50 e 64 anos alcançaram níveis altos. O estudo aponta a necessidade de consolidar conceitos sobre letramento digital, especialmente diante do avanço de tecnologias como a inteligência artificial, que redefine habilidades essenciais para a economia digital.