Apenas 23% dos brasileiros entre 15 e 64 anos possuem altas habilidades digitais, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pela Conhecimento Social, Ação Educativa e Fundação Itaú. O estudo, que pela primeira vez avaliou o alfabetismo no contexto digital, mostrou que as dificuldades são maiores entre pessoas acima de 40 anos, embora até os jovens enfrentem desafios. As tarefas propostas, como comprar um tênis online ou selecionar um filme em streaming, revelaram que apenas 9% acertaram completamente a última atividade, mesmo entre os mais escolarizados.
A pesquisa destacou que a capacidade de construir argumentos por escrito, como explicar a escolha de um documentário via mensagem de texto, foi um obstáculo significativo. Os níveis de habilidades digitais foram categorizados em baixo (25% da população), médio (53%) e alto (23%). Além disso, 29% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais, com apenas 3% deles apresentando alto domínio digital. Entre os jovens de 15 a 29 anos, mais de 30% têm habilidades avançadas, enquanto entre os maiores de 50 anos, esse índice cai para 6%.
O estudo também apontou que o ambiente digital pode ampliar oportunidades para alguns, como os 18% do grupo com alfabetismo elementar que alcançaram alto desempenho digital. No entanto, 15% desse mesmo grupo permanecem no nível mais baixo, evidenciando uma dupla exclusão. Realizado com 2,5 mil pessoas entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, o Inaf reforça a necessidade de discutir e definir melhor o letramento digital, especialmente em um mundo onde a inteligência artificial está transformando rapidamente as demandas por competências tecnológicas.