A palavra “baderna”, hoje sinônimo de bagunça ou confusão, tem origem no nome de uma bailarina italiana do século XIX. Marietta Baderna, dançarina de prestígio na Europa, chegou ao Brasil em 1849 e causou polêmica ao incorporar ritmos afro-brasileiros e dançar com pessoas escravizadas em suas apresentações. Sua postura, considerada subversiva na época, levou a reações violentas do público conservador, e seus fãs, chamados de “badernistas”, protestavam criando tumultos nos teatros. Assim, o termo “baderna” surgiu como forma pejorativa para descrever situações de desordem.
Esse fenômeno linguístico não é isolado. Palavras como “maquiavélico”, “pasteurizar” e “dantesco” também surgiram da transformação de nomes próprios em termos de uso comum, refletindo contextos históricos e culturais. No caso de “baderna”, há ainda um viés de gênero: a professora Ester Pirolo destaca que figuras femininas em posição de destaque muitas vezes enfrentam preconceitos que se perpetuam na linguagem. A história da palavra revela como estereótipos podem se enraizar no vocabulário cotidiano.
Com a velocidade das redes sociais e a criatividade dos memes, novos termos podem surgir seguindo padrões semelhantes. A língua está em constante transformação, e a apropriação de nomes próprios continua a ser um fenômeno vivo. No entanto, o caso de “baderna” serve como lembrete de como preconceitos históricos podem permanecer embutidos na linguagem, exigindo reflexão crítica sobre o uso das palavras no presente.