O artigo apresenta uma análise aprofundada do chamado **”excepcionalismo catarinense”**, destacando Santa Catarina como um caso único no Brasil devido ao seu desenvolvimento econômico, coesão social e gestão pública eficiente. Abaixo, destaco os principais pontos e argumentos do texto:
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### **1. Santa Catarina como um modelo de sucesso**
– **Indicadores destacados**:
– Segundo estado mais competitivo do Brasil (atrás apenas de São Paulo).
– Líder em segurança pública, desenvolvimento humano, educação básica e geração de empregos industriais per capita.
– Grande exportador, com economia diversificada (indústria, agronegócio, tecnologia e turismo).
– **Pequeno território, grande impacto**:
– Ocupa apenas 1,1% do território nacional, mas possui um PIB significativo e projeção de ultrapassar o Rio Grande do Sul e o Paraná em população e PIB nas próximas décadas.
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### **2. As raízes históricas: O projeto de Dom Pedro II**
– **Influência do modelo norte-americano**:
– Dom Pedro II admirava os EUA pela liberdade econômica, educação pública e trabalho livre (em contraste com o latifúndio escravocrata do Nordeste e Sudeste).
– A colonização do Sul foi planejada com imigrantes europeus (alemães, italianos, açorianos, eslavos e nórdicos) para criar um “Brasil Novo”, baseado na pequena propriedade familiar e no associativismo.
– **Defesa territorial e desenvolvimento**:
– A ocupação do Sul também visava proteger a região de interesses estrangeiros (Espanha e Alemanha).
– Santa Catarina tornou-se o epicentro desse projeto, com cidades como Blumenau e Joinville refletindo a influência europeia e a ética protestante do trabalho.
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### **3. O “Brasil Novíssimo”: A expansão do modelo sulista**
– **Migração para o Centro-Oeste**:
– Agricultores e empresários do Sul levaram para o Centro-Oeste não apenas técnicas agrícolas, mas também um modelo de cooperação (como o cooperativismo) e produtividade.
– Comparação com a expansão para o Oeste nos EUA.
– **Agronegócio como continuidade**:
– O sucesso do agro no Centro-Oeste tem DNA sulista, especialmente catarinense e gaúcho.
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### **4. Cultura política: Pragmatismo vs. radicalização**
– **Pluralidade histórica**:
– Santa Catarina já elegeu governadores do MDB (oposição à ditadura) e prefeitos petistas (em cidades como Florianópolis, Joinville e Blumenau).
– Tradicionalmente alinhado ao PSDB na era da social-democracia reformista.
– **Guinada à direita pós-2013**:
– Explicada mais por insatisfação com a corrupção e a má gestão federal do que por ideologia.
– O estado é o **segundo que mais perde na balança fiscal** (contribui muito mais do que recebe da União).
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### **5. Economia voltada para o exterior**
– **Destaques industriais e turísticos**:
– Marcas globais como WEG, Hering, Perdigão e Sadia nasceram no estado.
– Turismo diversificado (praias, neve, ecoturismo) e polo tecnológico em Florianópolis.
– **Desafios**:
– Infraestrutura deficitária (rodovias, portos, aeroportos).
– Necessidade de adaptação à economia digital e verde.
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### **6. Lições para o Brasil**
– **Um “Brasil que deu certo”**:
– Valorização do trabalho, mérito, empreendedorismo e coesão social.
– Estado eficiente, mas não paternalista.
– **Crítica ao “complexo de vira-lata”**:
– O sucesso catarinense é visto com desconfiança por parte do Brasil, mas é um exemplo a ser estudado.
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### **Conclusão**
O artigo argumenta que Santa Catarina não é uma “anomalia”, mas sim o resultado de um **projeto histórico deliberado** (iniciado por Dom Pedro II) e de uma **cultura baseada no trabalho, educação e pragmatismo**. Seu modelo oferece lições para um Brasil ainda preso ao clientelismo, à dependência estatal e à polarização.
**Pergunta final do texto**:
*Por que Santa Catarina, um estado tão bem-sucedido, é frequentemente estereotipado como “frio” e “de direita”?*
A resposta sugerida é que seu **pragmatismo** e **rejeição a ideologias radicais** são mal interpretados, especialmente em um contexto nacional marcado por conflitos políticos.
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**Observação pessoal**: O texto tem um tom ufanista, mas apresenta dados concretos e uma narrativa histórica consistente. Vale refletir se o “excepcionalismo catarinense” é replicável em outras regiões ou se depende de fatores únicos (como a colonização europeia e a geografia).