A série “Adolescência” trouxe à tona a influência de grupos misóginos online, que oferecem violência como resposta aos dilemas dos jovens. No entanto, iniciativas brasileiras buscam redefinir o conceito de masculinidade, mostrando que ele pode ser plural e incluir modelos mais positivos. Meninos são frequentemente pressionados a seguir padrões tradicionais, como força e dominância, mas, na sociedade atual, esses códigos estão sendo questionados. Enquanto alguns são atraídos por comunidades tóxicas, outros encontram espaços que valorizam vulnerabilidade, diálogo e cuidado.
Organizações como o Instituto PDH, criado a partir do site “Papo de Homem”, promovem discussões sobre masculinidade saudável, destacando que demonstrar fragilidade não torna alguém “menos homem”. Pesquisas e documentários, como “Meninos: Sonhando os Homens do Futuro”, mapeiam as dores e alegrias da adolescência, enquanto programas escolares e esportivos ensinam equilíbrio emocional e combate ao preconceito. O objetivo não é substituir um estereótipo por outro, mas abrir espaço para conversas honestas sobre competitividade, amizades e autoconhecimento.
A construção de novas referências começa na infância, com pais mais presentes e afetivos, e se estende às escolas, onde meninos buscam validação de sua masculinidade. Projetos como o Memoh e o Okara criam ambientes seguros para diálogos entre homens, combatendo a ideia da “caixa dos homens” — um conjunto rígido de normas sociais. Homens negros e LGBTQ+ enfrentam desafios específicos, evidenciando a necessidade de abordagens interseccionais. No fim, ser homem no século 21 pode significar servir, cuidar e se reconhecer em rede, longe dos imperativos de dominação do passado.