O “Atlas da Amazônia Brasileira”, lançado pela Fundação Heinrich Böll, apresenta 32 artigos que desconstroem estereótipos sobre a região, destacando seus desafios, saberes e potencialidades. Com contribuições de 58 autores, incluindo 19 indígenas, cinco quilombolas e dois ribeirinhos, a publicação busca ampliar o debate sobre justiça climática e territorial, especialmente em um ano marcado pela COP30 na Amazônia. O atlas revela que 75% da população amazônica vive em áreas urbanas, enquanto povos tradicionais desenvolvem modelos sustentáveis de coexistência com a natureza, muitas vezes invisibilizados.
Os últimos anos foram marcados por crises profundas na região, como recordes de desmatamento, garimpo ilegal (que cresceu 90% em áreas protegidas) e violência, com aumento de 1.020% no registro de armas na Amazônia Ocidental entre 2018 e 2022. Em 2022, a região concentrou mais de 20% dos assassinatos de defensores ambientais no mundo. Secas extremas em 2023 e 2024 agravaram a situação, causando escassez de água e alimentos, além de incêndios florestais que afetaram a qualidade do ar em várias regiões do Brasil. Esses fatores, somados à atuação de facções criminosas envolvidas em narcotráfico e crimes ambientais, pintam um cenário preocupante para o futuro da Amazônia.
Apesar dos desafios, a fundação destaca a mobilização de movimentos sociais e organizações locais, que têm liderado discussões sobre gestão territorial e agenda climática. O atlas enfatiza a importância de valorizar os conhecimentos tradicionais e dar protagonismo às comunidades amazônicas, cujas práticas sustentáveis contrastam com os modelos que aceleram o colapso ambiental. A publicação surge como um chamado para repensar a relação com a Amazônia, colocando seus habitantes no centro das soluções para a crise climática e social.