Pesquisadores da USP e do Instituto Federal de São Paulo desenvolveram um aparelho inovador para rastrear câncer de mama de forma menos dolorosa e sem os riscos associados à radiação. O dispositivo utiliza ondas eletromagnéticas, similares às de celulares e micro-ondas, para identificar tumores por meio de um sistema semelhante a um radar. O sinal emitido atravessa a mama, capta diferenças na densidade dos tecidos e gera um mapa detalhado, processado por um algoritmo. Essa tecnologia é especialmente útil para mulheres com mamas densas, grupo em que a mamografia tradicional pode ser menos eficaz.
Além da segurança e do conforto, o protótipo se destaca por seu baixo custo—cerca de US$ 175 por unidade, contra até US$ 240 mil de um mamógrafo convencional—e pela portabilidade, podendo ser usado em áreas remotas. Embora não substitua a mamografia, o aparelho surge como uma alternativa complementar, permitindo exames mais frequentes sem riscos à saúde. Os pesquisadores também vislumbram um futuro em que o dispositivo possa ser usado em casa, com resultados analisados por inteligência artificial e posteriormente avaliados por médicos.
A inovação chega em um momento sensível, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) propôs reduzir a frequência de mamografias para mulheres a partir dos 50 anos—uma mudança que preocupa especialistas pela possível dificuldade em detectar tumores precocemente. Enquanto o protótipo brasileiro ainda não está em fase de testes clínicos, como alguns modelos internacionais, sua acessibilidade e tecnologia trazem esperança para a democratização do diagnóstico precoce do câncer de mama.