Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram uma nanopartícula inovadora capaz de tratar e diagnosticar tumores de forma não invasiva. O estudo, destacado na capa da revista científica da Associação Americana de Química, utiliza óxido de ferro combinado a um sistema biomimético, que age como um “Cavalo de Tróia” para atingir células cancerígenas. Testada em camundongos com melanoma e glioblastoma, a tecnologia permite tanto a identificação precisa do tumor por ressonância magnética quanto a aplicação de terapias térmicas controladas externamente, reduzindo danos a tecidos saudáveis.
A nanopartícula, com apenas 100 nanômetros, possui uma estrutura esférica repleta de partículas magnéticas e uma membrana esponjosa coberta por proteínas cancerígenas, que a direcionam para o tumor. Uma vez no local, o aquecimento via campo magnético ou laser pode destruir as células doentes, método especialmente promissor para tumores complexos, como os cerebrais, onde tratamentos convencionais falham. Além disso, a partícula pode modular células imunológicas, potencializando terapias tradicionais e até servir como base para vacinas contra o câncer, embora esse último uso ainda enfrente desafios devido à variedade da doença.
Embora a terapia térmica com nanopartículas magnéticas já exista no mercado, a versão biomimética — mais precisa — demandará mais tempo para chegar a humanos, necessitando de ensaios clínicos. Especialistas destacam o potencial da tecnologia para reduzir efeitos colaterais e custos, mas ressaltam que a acessibilidade dependerá de futuros avanços. A pesquisa abre caminho para tratamentos personalizados e menos invasivos, marcando um passo significativo na luta contra o câncer.