Há uma década, mulheres da comunidade São José, no Pará, enfrentavam críticas e preconceito ao colher murumuru na Floresta Amazônica. Chamadas de “loucas” e “fedorentas” pelos homens, elas perseveraram e transformaram a atividade em uma fonte de renda essencial para suas famílias. A polpa do fruto, antes considerada malcheirosa, esconde uma semente valiosa para a indústria cosmética, abrindo portas para parcerias com empresas como a Natura e fortalecendo sua autonomia financeira.
A iniciativa não apenas gerou renda, mas também promoveu mudanças sociais profundas. Muitas das extrativistas, que antes se dedicavam exclusivamente aos afazeres domésticos, passaram a ser reconhecidas por seu trabalho. A criação do Centro de Produção das Mulheres do Maniva e a aquisição de equipamentos, como uma máquina para processar as sementes e painéis solares, melhoraram a qualidade de vida da comunidade e simbolizam sua resiliência e capacidade de inovação.
Apesar dos avanços, os desafios persistem, especialmente com os impactos das mudanças climáticas. Secas recentes reduziram a produção de murumuru e outros frutos, ameaçando a sustentabilidade da atividade. Mesmo assim, as mulheres seguem unidas, mostrando que a união e a força coletiva podem transformar não apenas suas vidas, mas também o futuro de suas comunidades na Amazônia.