As mulheres são maioria entre os estudantes prestes a concluir o ensino superior no Brasil, representando 60,3% dos formandos, com destaque em áreas como bem-estar (91%). No entanto, essa predominância não se reflete no mercado de trabalho ou em posições de poder. Dados do IBGE revelam que apenas 39,3% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres, com concentração em educação e saúde (70%), enquanto setores como agricultura e engenharia florestal têm apenas 15,8% de participação feminina. Além disso, as executivas recebem, em média, 78,8% do salário dos homens, com disparidades ainda maiores em setores como transporte (51,2%) e saúde (60,9%).
A desigualdade também é evidente na esfera pública e política. Embora haja avanços, como o aumento de magistradas (de 24,6% em 1988 para 40% em 2022), as mulheres ainda são minoria em cargos de destaque. No Congresso Nacional, apenas 17,9% dos deputados federais eram mulheres em 2023, colocando o Brasil na 133ª posição global em representação feminina no parlamento. Nos ministérios, apenas nove dos 38 cargos eram ocupados por mulheres no mesmo período. A pesquisa também aponta disparidades raciais: mulheres brancas têm maior acesso ao ensino superior (29%) comparado a pretas e pardas (14,7%).
Apesar do maior nível educacional, as mulheres enfrentam barreiras em áreas tradicionalmente masculinas, como ciência e tecnologia, onde representam apenas 22% dos formandos. A pesquisadora Betina Fresneda ressalta que as áreas com maior participação feminina são as menos valorizadas no mercado, perpetuando a desigualdade salarial. Enquanto isso, em setores como agricultura e saneamento, onde os homens são maioria, as mulheres chegam a ganhar mais (até 128,6%), possivelmente devido a maior especialização. O cenário evidencia a necessidade de políticas que promovam equidade de gênero e oportunidades iguais em todas as áreas.