Na ilha sul-coreana de Jeju, as haenyeo, mergulhadoras tradicionais, continuam a surpreender o mundo com sua resistência física e contribuições científicas. Com idades acima de 60 anos, essas mulheres descem a mais de 15 metros de profundidade sem equipamentos, apenas com a força dos pulmões, em busca de frutos do mar. Sua prática, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial, não só preserva séculos de tradição matriarcal, mas também revelou adaptações genéticas únicas, como variantes que podem ajudar no tratamento de hipertensão e resistência ao frio.
Pesquisadores descobriram que as haenyeo possuem mutações genéticas que reduzem a pressão arterial e as protegem de hipotermia, possivelmente resultado de séculos de seleção natural. Estudos compararam mergulhadoras ativas com mulheres não mergulhadoras, identificando respostas fisiológicas distintas, como a diminuição acentuada da frequência cardíaca durante mergulhos. Essas descobertas podem ter implicações globais para a medicina, oferecendo insights valiosos para o tratamento de doenças crônicas.
Apesar do reconhecimento cultural e do apoio governamental, a tradição das haenyeo enfrenta risco de extinção. Com a migração para o turismo e o setor de serviços, poucas jovens se interessam pela profissão árdua e perigosa. Iniciativas como restaurantes especializados e influenciadoras digitais tentam manter viva a herança das “mulheres do mar”, mas o envelhecimento da população e as mudanças econômicas ameaçam um legado que já moldou tanto a cultura quanto a ciência.