O Rio Grande do Sul enfrenta um crescimento acelerado de casos de dengue, um cenário atípico para a região, tradicionalmente protegida pelo clima frio. Em 2024, o estado já registrou 15.643 confirmações e 8 mortes, com uma taxa de transmissão superior a 2,08. Especialistas atribuem a expansão da doença às mudanças climáticas, que criam condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti, além de desigualdades urbanas e falhas estruturais. O fenômeno não se limita ao Brasil: países europeus, como Espanha e França, já reportam casos autóctones, sinalizando uma globalização da dengue.
A doença, transmitida por quatro sorotipos virais, pode evoluir para formas graves, com sintomas como sangramentos e dor abdominal. Embora vacinas como a Qdenga e projetos inovadores, como o uso da bactéria Wolbachia, ofereçam esperança, a cobertura ainda é baixa e as soluções demandam ações coordenadas. O aquecimento global amplia o risco, com projeções indicando que metade dos municípios brasileiros terá alta vulnerabilidade ao Aedes até 2030. Eventos como o El Niño e invernos mais amenos prolongam a temporada de transmissão, desafiando estratégias tradicionais de controle.
Para conter a dengue, especialistas defendem investimentos em infraestrutura urbana, saneamento básico e educação, além da capacitação dos serviços de saúde. O combate ao mosquito exige uma resposta integrada, combinando inovações científicas com políticas públicas eficazes. Enquanto o clima continua a mudar, o desafio é reduzir os impactos de uma doença que já faz parte do cenário global de saúde pública.