A decisão da Moody’s de rebaixar a classificação de crédito dos Estados Unidos de Aaa para Aa1 não surpreendeu o mercado, mas carrega um claro peso político, segundo analistas do Bank of America (BofA). O movimento é visto como um alerta contra o projeto de lei tributária em discussão no Congresso, que poderia agravar o déficit fiscal. A dívida pública americana já ultrapassa US$ 36 trilhões, com gastos em juros superando o orçamento de defesa, e o pacote fiscal em debate é considerado irresponsável por potencialmente ampliar esse desequilíbrio.
O timing do rebaixamento chamou atenção, coincidindo com as negociações sobre cortes de impostos e possível aumento de tarifas. O BofA questiona se a medida pode pressionar o Congresso a adotar uma postura mais prudente, com ajustes graduais ou redução de gastos. No entanto, a expectativa é que os legisladores mantenham uma abordagem expansionista, adiando decisões difíceis e elevando os riscos para os juros de longo prazo. Caso a trajetória atual persista, o aumento de tarifas pode se tornar a única opção restante para conter o déficit, com custos econômicos potencialmente maiores.
Apesar do rebaixamento, o impacto imediato nos mercados foi limitado, com os títulos americanos mantendo sua atratividade. A Moody’s se junta a outras agências que reduziram a nota de grandes economias, refletindo preocupações globais com a sustentabilidade fiscal. Embora o dólar permaneça como a principal moeda de reserva, o episódio reacende debates sobre a estabilidade financeira dos EUA e alternativas como o Bitcoin. Para o BofA, o maior risco não é imediato, mas a falta de correções na política fiscal, que pode levar o país a uma crise prolongada.